De barulhos, tristezas e outras incertezas
Há alguns barulhos tristes na vida. O da garrafa térmica vazia de café é um deles.
Eleger vereadores indígenas: muito mais difícil do que deveria.
De todos os “istas”, os que se dão melhor são os populistas.
A vida é uma mina, onde sempre houve, e haverá, picaretas.
Mais inacreditável do que o alto número de mortes é o preço baixo da vida.
Será que o imperativo categórico está a ser estraçalhado pelo paradoxo da tolerância? Será que pensamos demais “não vou ser o único a incomodar-me com isto”?
Dedicamo-nos muito a conseguir acesso e muito pouco a aproveitá-lo.
Tenho a impressão que está mais difícil fazer as pessoas escutarem e/ou entenderem e/ou lembrarem. Vocês também?
A gente devia falar “não” muito mais vezes do que fala.
De onde veio essa mania de pôr etiquetas em tudo e em toda a gente? É assim tão importante ser isto ou aquilo?
Vocês têm que saber que temos estrôncio-90, microplásticos e cinzas das queimadas dentro de nós. E não é que eles vão sair na próxima vez que formos à casa de banho: eles já fazem parte de nós.
Tudo o que colocamos no mundo volta para dentro de nós. Somos pó de estrelas tanto quanto somos lixo.
Talvez não passemos duma massa amorfa e, os nossos sonhos, movimentos da multidão que pulsam para cá e para lá.
Deveria preocupar-me mais com certas e determinadas coisas? Ou talvez não? E tu, também tens as coisas que te preocupam? Será que deves continuar?
Às vezes parece que nada vale a pena, mas não é isso. A verdade é que sempre há alguma coisa que não vale.
Parece que a maré está a virar um pouco demais, que toda a noite é lua cheia e os dias passam mais saturninos. Mas não é isso.
Afinal que língua é esta que eu falo?